Endometriose
Endometriose é a presença de tecido semelhante ao endométrio, fora do útero, conhecido como foco ou implante endometriótico. Acomete cerca de 10 a 15 % da população feminina em idade fértil. Os principais sintomas são dor e/ou infertilidade.
A primeira manifestação clínica da endometriose é a dor, cuja intensidade depende da localização e do tamanho do implante. Contudo, mesmo um foco pequeno pode provocar dor de grande intensidade, desde que sua localização esteja comprometendo alguma terminação nervosa.
O relato de dor pélvica crônica e/ou de cólica menstrual ou dismenorreia, acompanhado de uma anamnese bem elaborada, orienta o profissional médico sobre o diagnóstico da doença.
O exame físico, sobretudo se realizado no período pré-menstrual, aliado aos exames de imagem, confirma – até certo ponto – o diagnóstico da endometriose, já que o “padrão ouro” – o exame por excelência – diagnóstico da endometriose é a laparoscopia ou a videolaparoscopia. Esta detecta os focos endometrióticos que são confirmados pelo histopatológico das lesões retiradas ou biopsiadas.
20% das mulheres portadoras de endometriose desenvolvem endometrioma, um tipo de cisto espesso localizado no ovário. Ele pode desenvolver-se a partir de hemorragias ocorridas nos implantes localizados no próprio ovário.
O marcador tumoral para câncer de ovário – Ca 125 – é utilizado para acompanhar a evolução da endometriose. O exame deve ser realizado principalmente nos três primeiros dias do ciclo menstrual.
Outros órgãos da pelve, como intestino, bexiga e ureteres, também, podem ser invadidos por focos de endometriose e produzir aderências responsáveis por dores intensas e, geralmente, contínuas.
O tratamento inicial da endometriose é feito com analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais, cujo efeito sobre a dor é, em geral, passageiro. Porém, o principal objetivo do tratamento é a supressão dos estrógenos ovarianos que ajudam na manutenção ativa dos implantes endometrióticos.
Para tal fim, são utilizados contraceptivos combinados, progestógenos e análogos GnRH. Os análogos GnRH impedem a síntese dos hormônios LH e FSH, inibindo a função ovariana e, muitas vezes, fazem com que a mulher desenvolva sintomas típicos da menopausa durante o tratamento e, até mesmo, algum tempo depois de sua suspensão.
Está sendo introduzido no Brasil um novo tratamento com o progestógeno oral – Dienogest, já utilizado há algum tempo pela medicina europeia. Seu efeito é semelhante ao dos análogos GnRH, mas sem os agravantes dos mesmos, que são a manifestação de sintomas vasomotores e redução da densidade mineral óssea.
Muito ainda deve-se avançar no tratamento e controle da endometriose, mas a relação entre infertilidade e endometrioma ainda é grande, já que a endometriose ocorre principalmente na idade fértil da mulher. Cuidado especial, portanto, deve-se ter com a reserva ovariana da mesma, que, em geral, deseja ter filhos.
Cuidado, também, não deve faltar no acompanhamento evolutivo do endometrioma, devido sua relação, mesmo baixa, com o desenvolvimento do câncer de ovário, uma vez que o mesmo é relativamente maior nas mulheres portadoras de endometrioma do que na população feminina geral.